No velho casarão do
convento é que era a aula. Aula de primeiras letras. A porta lá estava,
amarela, com fortes pinceladas vermelhas, ao cimo da grande escadaria de pedra,
tão suave que era um regalo subi-la. Obra de frades, os senhores calculam... Já tinha principiado a
aula quando a Helena entrou comigo pela mão. Fez-se um silêncio nas bancadas,
onde os rapazes mastigavam as suas lições e a sua tabuada, num ritmo cadenciado
e monótono, cantarolando. E ouviu-se então a voz da Helena dizer para o senhor
professor, um de óculos e cara rapada, falripas brancas por baixo do lenço
vermelho, atado em nó sobre a testa.
– Muito bons-dias. Lá de
casa mandam dizer que aqui está a encomendinha.
Oh! Oh! A encomendinha
era eu, que ia pela primeira vez à escola. Ali estava a encomendinha!
– Está bem, que fica
entregue. E lá em casa como vão?
E enquanto o velho professor me tomava sobre
os joelhos, a Helena enfiava-me no braço o cordão da saquinha vermelha,
com borlas, onde ia metido nem eu sabia o quê. Meu pai é que lá sabia... E ali
estava eu entre os joelhos do senhor professor, com o boné numa das mãos e a
saquinha vermelha na outra, muito comprometido. A Helena, que sorria
contrafeita, baixou-se para me dar um beijo, e disse-me adeus.
(...)
Lê aqui o texto na íntegra.
No final do estudo
do conto, realizámos um debate sobre a escola atual e a escola do passado. O
objetivo era colocar em confronto o conceito de escola retratado no conto
estudado de Trindade Coelho e o conceito vigente de escola. Em especial, a
relação professor /aluno e aluno/aluno, a disciplina, o estudo, o trabalho,
a criatividade. Enfim… uma série de ideias que foram debatidas com muito
empenho e entusiasmo por todos.
Sem comentários:
Enviar um comentário