quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Para a Escola de Trindade Coelho

 
Para a Escola
 
No velho casarão do convento é que era a aula. Aula de primeiras letras. A porta lá estava, amarela, com fortes pinceladas vermelhas, ao cimo da grande escadaria de pedra, tão suave que era um regalo subi-la. Obra de frades,  os senhores calculam... Já tinha principiado a aula quando a Helena entrou comigo pela mão. Fez-se um silêncio nas bancadas, onde os rapazes mastigavam as suas lições e a sua tabuada, num ritmo cadenciado e monótono, cantarolando. E ouviu-se então a voz da Helena dizer para o senhor professor, um de óculos e cara rapada, falripas brancas por baixo do lenço vermelho, atado em nó sobre a testa.
– Muito bons-dias. Lá de casa mandam dizer que aqui está a encomendinha.
Oh! Oh! A encomendinha era eu, que ia pela primeira vez à escola. Ali estava a encomendinha!
– Está bem, que fica entregue. E lá em casa como vão?
 E enquanto o velho professor me tomava sobre os joelhos, a Helena enfiava-me no braço o cordão da saquinha vermelha, com borlas, onde ia metido nem eu sabia o quê. Meu pai é que lá sabia... E ali estava eu entre os joelhos do senhor professor, com o boné numa das mãos e a saquinha vermelha na outra, muito comprometido. A Helena, que sorria contrafeita, baixou-se para me dar um beijo, e disse-me adeus.
(...)
aqui o texto na íntegra.

No final do estudo do conto, realizámos um debate sobre a escola atual e a escola do passado. O objetivo era colocar em confronto o conceito de escola retratado no conto estudado de Trindade Coelho e o conceito vigente de escola. Em especial, a relação professor /aluno e aluno/aluno, a disciplina, o estudo, o trabalho, a criatividade. Enfim… uma série de ideias que foram debatidas com muito empenho e entusiasmo por todos.


 

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